Isabella não morreu. Mais de uma vez. Isabella não morreu tantas vezes, que é impossível calcular tudo o que morreu no lugar dela. Afinal, matou-se muita coisa para reviver Isabella.
Ninguém liga se um cartão corporativo cai do sexto andar. Cartões corporativos não são crianças. Mas podem estar tirando comida da boca de muitas. Crianças essas que não são Isabella. Porque Isabella não morreu de fome, nem de dengue, nem no tráfico infantil, nem de tiro na favela. Isabella morreu, seja lá do que for, mas vive na Globo, no SBT, na Veja, na internet, em todo lugar.
Se o Brasil fosse um programa de televisão, a morte de Isabella teria resolvido todos os nossos problemas. Porque desde Isabella, muita coisa não acontece. Ninguém mais vende bala no sinal, ninguém mais toma bala de revólver. Ninguém mais rouba do governo, ninguém é roubado por ele. Nenhum político virou corrupto, nenhum corrupto virou político.
Isabella levou consigo todas as boas notícias, e as más também. Mas, por mais trágica que seja, a verdade não morre. E a verdade é que o Brasil não é um programa de televisão e Isabella, é triste, mas Isabella morreu.
quinta-feira, 10 de abril de 2008
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2 comentários:
Colega,
Por mais clichê que essa frase possa ser, nós brasileiros só damos Ibope ao que é novo. Bala perdida, tráfico de drogas, dengue, é tudo comum. Tão comum quanto uma ida até a padaria, ou o trânsito na volta do trabalho.
Infelizmente, Isabella não é tratada feito gente. É pauta e ponto.
Excelente texto.
Abraços Fraternos
Vistoso: é por causa da mooooorte dessa meniiiina, ninguém me disse onde foi parar a minha rooolha.
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