sábado, 15 de março de 2008

Beleza demais tem sobra

Benhê, tô bonita? – Se você já ouviu, ou mesmo disse isso, sabe que, apesar de ser bastante agradável à visão, a beleza pode fazer muito mal aos ouvidos. E ao cérebro. Não que todo bonito seja estúpido ou todo inteligente seja feio. Não é essa a questão. A questão é que a máxima de que “beleza nunca é demais” tornou-se indiscutível. E, bem, talvez seja a hora de colocar um ponto de interrogação na frente dela.

Antes de começar a criticar o estereotipo dos bonitos-acerebrados, pare para pensar: ser bonito não é nada fácil. Nascer bonito sim, é fácil. Mas há muito tempo aquela beleza natural, que não precisa de retoques, deixou de ser suficiente. Os padrões de beleza estão cada vez mais altos e os olhos, mais exigentes. E agradar os olhos alheios é algo que exige muito tempo, paciência, dinheiro e dedicação. Ser o mais bonito então, nem se fala. Ou melhor, fala-se. Fala-se tanto que até Darwin, há mais de um século atrás, falava a respeito.

O homem é um animal (pode parecer uma afirmação óbvia, mas ainda faz doer os ouvidos de muita gente). E como animais dentro de um processo de seleção natural, fazemos de tudo para ser os melhores. Seja o melhor atleta, o mais agradável, o mais inteligente, o mais engraçado ou mesmo, o mais estúpido, todos querem ser o “mais”. Por isso, é natural alguns quererem ser os mais bonitos. Alguns, mas não todos. Quando a prioridade de uma sociedade inteira passa a ser uma só, devemos admitir, há algo errado com a nossa espécie.

Não se pode ser o mais bonito e o mais inteligente. Não se trata de preconceito, trata-se de uma afirmação prática. Para ser o mais bonito você precisa dedicar muito do seu tempo a isso e , para ser inteligente, também. Posso não ser a melhor em exatas (minha prioridade é outra), mas sei que muito com muito sempre dá demais. E talvez, pelo menos no Brasil, esteja começando a faltar pessoas suficientemente “qualquer coisa que não seja bonita”. Por isso, faça um favor à nossa espécie: de vez em quando, volte àqueles primórdios da nossa sociedade, em que a “beleza”, e não a “beleza extraordinária”, bastava. Desse modo você até poderá ser sincero ao responder aquela perguntinha lá em cima do modo mais agradável – Claro que sim, meu bem.

3 comentários:

Lobo Selvagem disse...

Sim, voce está deslumbrante!
Essa é a resposta que costumo dar quando vejo uma mulher bonita.
Pode parecer que não estou sendo franco, ou mesmo omisso, mas tenho minha definição de beleza muito cristalina. O que eu acho bonito, é sim o mais bonito... (para mim).
É exatamente o que me atrai, o que vem de encontro aos meus anseios mais ocultos.
Então, é facil distinguir o que é bonito, e o que não é.
A Beleza tem uma singularidade para mim. Uma pessoa não fica bonita, ela é bonita. E quando eu falo bonita, eu quero dizer a mais bonita, ou uma das mais bonitas do planeta.
Beleza para mim é uma coisa nata, não tem como mudar. Está na alma, e invariávelmente reflete no corpo.
Portanto, beleza nunca é demais, porque estou falando da verdadeira beleza.
E essa beleza de que falo, essa faz bem não só aos olhos...mas faz bem a toda a humanidade.
Em tempo: Não me refiro a Madre Tereza de Calcutá ok ?
Beijos. Lobo Selvagem.

Unknown disse...

Sempre pensei nisso, que não era fácil ser bonito e que normalmente quem é bonito gasta tanto tempo p/ ser assim que deixa de gastar para "ser" outra coisa! Mas seu, amigo está certo! Quem é bonito, é bonito e pronto ... ninguém fica bonito, as pessoas se tornam bonitas pelo que elas são, por como se relacionam, pela maneira que se mostram as pessoas, adoro gente bonita!

Beatriz Moraes disse...

me lembrei de Nelson Rodrigues...
"Na 'mulher interessante', a beleza é secundária, irrelevante e, mesmo, indesejável. A beleza interessa nos primeiros quinze dias; e morre, em seguida, num insuportável tédio visual. Era preciso que alguém fosse, de mulher em mulher, anunciando: - ser bonita não interessa... seja interessante!"